18 agosto 2010

Cardeal sugere Ministério de Governo voltado para as questões da família

O arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Scherer, pede que os eleitores tenham atenção aos projetos e à ideologia dos partidos dos candidatos em que pretendem votar e sugere a criação de um Ministério voltado para a família.
“Deveriam merecer atenção especial os projetos de partido e o rumo que se pretende imprimir ao país. Votamos em candidatos, mas quem dita as regras é o partido”, afirma o arcebispo, em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo no dia 14.
“Qual é a ideologia do partido e sua proposta para o exercício do poder? As diferenças entre os partidos e os candidatos aparecem especialmente nas políticas públicas que desejam desenvolver”, afirma o cardeal.
Segundo Dom Odilo Scherer, entre os temas de grande importância que os eleitores devem levar em conta ao avaliar o seu voto está a questão da família.
“Poucos duvidam da importância da família para a pessoa, a sociedade e a nação. No entanto, a família não é tema de debates políticos.”
“Estudos sociológicos têm demonstrado que a ausência da família, ou a impossibilidade de cumprir a missão que lhe é própria, está na origem de graves males”, afirma.
Para o cardeal, “quando um governo descuida e desprotege a família, deixa uma herança pesada de problemas à sociedade e chama a si muitas responsabilidades que poderiam ser bem melhor assumidas pela família, que tem um papel social insubstituível”.
A família “merece toda a atenção dos governantes e legisladores. Não seria hora de ter no Governo brasileiro um Ministério voltado para as questões da família?”
Segundo o arcebispo, a família “precisa de políticas públicas para o acesso à moradia digna, alimentação e educação de qualidade”.

“O trato privilegiado da saúde materna e infantil seria um investimento de elevado retorno social; a adoção poderia ser mais incentivada; a educação sexual não deveria ser desvinculada da formação para atitudes eticamente e socialmente responsáveis, nem dos valores do casamento e da família bem constituída, condições para acolher bem os novos brasileirinhos.”
“Será que é bom para o futuro do país que um percentual elevado de crianças nasça fora de uma família constituída? Que a sustentação e educação do filho fique a cargo de um dos genitores apenas?”, questiona.
De acordo com o arcebispo, “os programas de repressão da natalidade levaram o Brasil a uma queda brusca do número de filhos por casal e isso foi celebrado como um avanço importante. Seremos, em breve, uma população de idosos, como já acontece em outros países, e os governos precisarão fazer políticas de incentivo à natalidade…”
Dom Odilo Scherer considera ainda que uma “questão espinhosa para os candidatos é o pleno respeito à dignidade da pessoa e à sua vida em todos os momentos do existir”.
“Questões como o aborto, a eutanásia, a manipulação de seres humanos nas pesquisas científicas acabam sendo evitadas, ou tratadas de maneira evasiva: ‘Vamos tratar disso como questão de saúde pública…’ ‘Vamos submeter a um plebiscito…’”
“O direito à vida não pode ser submetido ao arbítrio da maioria. O aborto deveria, sim, ser tratado como questão de saúde pública, mas para melhor proteger a vida dos nascituros contra toda agressão, amparar as gestantes, dando-lhes condições de levar a gravidez até o fim e de dar à luz com dignidade a seus bebês”, afirma.
“Gravidez e maternidade não são enfermidades! Mas se, por saúde pública, é sinalizada a facilitação ou a legalização do aborto, não estamos mais diante de uma política de saúde.”
Segundo o arcebispo, é “inútil abrandar as coisas com conceitos como ‘despenalização do aborto’ ou ‘antecipação do parto’. A crua realidade não muda e o aborto voluntário é sempre a supressão direta da vida de um ser humano”.
“Política pública de saúde seria também a aplicação da lei em vigor, fechando as clínicas clandestinas de abortos e penalizando os responsáveis! Seria ainda a oferta de apoio efetivo às gestantes em dificuldades, bem o chamado à responsabilidade do pai biológico e o cumprimento da lei em vigor, no que se refere à proteção e defesa da mãe e do filho ainda por nascer.”
“Com freqüência ouvem-se cálculos, de fato nunca comprovados, de que no Brasil os abortos clandestinos seriam mais de um milhão por ano. Um milhão de seres humanos eliminados antes de nascer! E, com eles, muitas mulheres morrem ou levam problemas para o resto da vida! Isso deveria merecer alguma atenção política!”
Dom Odilo lembra que os candidatos aos cargos de deputado federal e senador, se eleitos, terão a responsabilidade de fazer leis sobre essas questões.
“Suas posições e as de seus partidos, sobre o assunto são conhecidas? Os eleitores têm o direito de saber, para votar conscientemente”, afirma.
Fonte: Blog Carmadélio - Comunidade Shalom

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails