29 março 2013

Família, escola do perdão e da vida

Precisamos amar e valorizar a família que temos

Sabe qual é a maior família que existe? É a que nós possuímos, por mais frágil e complicada que ela seja.
Sabe qual é o pior inimigo do real? Pensou? O pior inimigo do real – da família real, daquela que temos – é o ideal. É aquela “ideia” que carregamos acerca de um modelo, cuja realidade toda é “obrigada” a se adequar, mas que – definitivamente – não corresponde à nossa realidade.
Nem sempre o real corresponderá aos nossos ideais, e quase perenemente precisaremos, com leveza e maturidade, nos reconciliar com o real para podermos, a partir dele, construir uma encarnada felicidade. A felicidade só será possível a partir da verdade e da realidade que, verdadeiramente, nos compõem.
Como dizia o poeta: “Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita: é bonita, é bonita e é bonita (Gonzaguinha). E por mais que a vida nos apresente problemas e deformidades, ela sempre será um palco de belezas no qual precisaremos protagonizar nossa história. 
Nossos familiares são mesmo, inúmeras vezes, imperfeitos e muito difíceis de conviver. Todavia, é no solo dessa verdade (de nossa verdade) que precisamos nos assumir e, com bravura e heroísmo, nos lançar na construção da felicidade e de suas específicas exigências.
Precisamos amar e valorizar a família que temos: o pai, a mãe, os irmãos que Deus nos deu, independentemente de como são. Sem dúvida, isso não é fácil e se revela como realidade muito desafiadora. Entretanto, ninguém poderá construir uma vida verdadeiramente feliz sem ter a consciência tranquila pelo fato de ter lutado pelos seus e de não os ter abandonado em virtude de suas fraquezas.
Percebo como muito sábio e real o ditado que diz: “Quer conhecer alguém? É só observar como ele trata seus pais”, pois uma consciente e constante atitude de desamor com relação aos próprios pais revela uma séria e profunda deficiência no caráter e na forma de se relacionar.
Nossos familiares (os pais e os demais) manifestam nossas raízes e nossa identidade, e negá-los seria negarmos a nós mesmos.
Nossa família sempre oferecerá possibilidades, seja por meio de alegrias ou de dores, para nos tornarmos pessoas melhores. Nela, poderemos viver a relação e a abertura aos demais (não sem conflitos, é claro), assim compreendendo que não somos o centro “absoluto” do mundo.
Na família aprendemos – por bem ou por mal - a repartir o que temos e o que somos, com a possibilidade de, constantemente, frequentar a escola do perdão. Assim aprenderemos a oferecer, aos outros e a nós mesmos, uma nova chance diante de cada circunstância ou erro cometido.
Pela família aprendemos a compreender a imensa fragilidade humana que envolve a todos, percebendo-nos também como seres fracos e constantemente necessitados de ajuda e atenção.
Enfim, a família é uma escola de vida e de construção da felicidade; nela, o ser tem espaço para, de fato, “ser” e acontecer.
(Trecho extraído do livro "Construindo a felicidade"
Padre Adriano Zandoná
Fonte: canção nova

23 março 2013

Como viver a Semana Santa?


A Semana Santa deve ser um tempo de reflexão e reconstrução.

Num clima de alegria e esperança, provocado pela ascensão ao pontificado petrino do Papa Francisco, iniciaremos - no Domingo de Ramos - mais uma Semana Santa com a entrada triunfal de Jesus na cidade de Jerusalém.
Aí começa uma nova fase na história do povo de Israel, quando todos se voltam para a cena da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.
A Semana Santa deve ser um tempo de recolhimento, de interiorização e de abertura do coração e da mente para o Deus da vida. Significa fazer uma parada para reflexão e reconstrução da espiritualidade, essencial para o equilíbrio emocional e segurança no caminho natural da história de vida com mais objetividade e firmeza.
As dificuldades encontradas não são fracasso nem caminho sem saída. Elas nos levam a firmar a esperança na luta por uma vida sem obstáculos intransponíveis. Foi o que aconteceu com Cristo, no trajeto da Paixão, culminando com Sua morte na cruz. Em todo esse caminho, Ele passou por diversos atos de humilhação.
A estrada da cruz foi uma perfeita reveladora da identidade de Jesus. Ele teve de enfrentar os atos de infidelidade e rebeldia do povo que estava sendo infiel ao projeto de Deus, inclusive sendo crucificado entre malfeitores. Jesus partilha da mesma sorte e dos mesmos sofrimentos dos assassinos e ladrões de sua época.
Na Semana Santa devemos associar ao sofrimento de Cristo o mesmo que acontece com tantas famílias e pessoas violentadas em nosso tempo. Podemos dizer da violência armada, dos trágicos acidentes de trânsito, das doenças que causam morte, do surto da dengue, dos vícios que ceifam muita gente, etc.
Jesus foi açoitado, esbofeteado, teve a barba arrancada, foi insultado e cuspido. O detalhe principal é que nenhum sofrimento O fez desistir de Sua missão nem ter atitude de vingança. Ele deixou claro que o perdão é mais forte do que a vingança.
Devemos aprender com Ele e olhar a vida de forma positiva, sabendo que seu destino é projetado para a eternidade em Deus.
Dom Paulo M. Peixoto - Arcebispo de Uberaba (MG
Fonte: Comunidade canção nova

04 março 2013

Agradecidos, Bento XVI


UMA LIÇÃO SIMPLES E PROFUNDA
Com reverência e grande apreço, somos agradecidos pelo pontificado de Bento XVI que, como sucessor do apóstolo Pedro, ajudou a Igreja, em tempos de aceleradas mudanças e enormes desafios humanitários, a cumprir sua tarefa missionária: anunciar o Evangelho da vida, para fazer de todos discípulos e discípulas de Jesus Cristo.
O agradecimento reverente projeta luzes sobre um ministério exercido com extrema lealdade, humildade edificante, cultivado a partir de uma sabedoria temperada, admirável envergadura intelectual aliada a uma espiritualidade reveladora de uma profunda intimidade com Deus. Essas qualidades de Bento XVI, para além das vicissitudes humanas enfrentadas nas instituições todas, produzindo desafios relacionais e existenciais, traçou para a Igreja horizontes que a capacitaram ainda mais no enfrentamento das questões fundamentais da fé no seu diálogo imprescindível com a razão.
Um caminho exigente, na contramão de uma religiosidade entendida e vivida como mágica milagreira ou como lugar da conquista e de exercícios inadequados do poder que seduz, desfigura e distancia-se da condição de todos como servos da vinha do Senhor. Há de se recordar que Bento XVI, em 2005, dirigindo-se pela primeira vez à multidão presente na Praça de São Pedro, delineia a consciência clara de seu entendimento sobre sua pessoa e sobre seu ministério iniciante como sucessor de Pedro. Ele se apresenta - como não pode deixar de ser a apresentação dos discípulos de Jesus, sejam quais forem as circunstâncias, cargos, ofícios e responsabilidades - como simples servo da vinha do Senhor, chamado naquele momento ao exigente serviço como Papa.
Related Posts with Thumbnails