22 maio 2011

Formação: O Dogma da Virgindade Perpétua de Maria Santíssima


Desde as primeiras formulações da fé, a Igreja confessou que Jesus foi concebido exclusivamente pelo poder do Espírito Santo no seio da Virgem Maria, afirmando também o aspecto corporal deste evento. Os relatos evangélicos explicam a Conceição Virginal como uma obra divina que ultrapassa toda compreensão e toda possibilidade humanas.
Os primeiros intérpretes da Palavra viram na Conceição Virginal o sinal de que verdadeiramente o Filho de Deus veio a uma humanidade como a nossa. E o dogma realmente nos faz compreender que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus, visto ser Mãe do Filho eterno de Deus feito homem sem deixar de ser Deus. Além disso, nos faz compreender a Maternidade espiritual de Maria, que se estende a todos na humanidade, que Jesus veio salvar.
O DOGMA- “Se alguém não confessa, de acordo com os santos Padres, que a Santa e sempre Virgem e Imaculada Maria é própria e verdadeiramente Mãe de Deus, como queira que própria e verdadeiramente concebeu sem sêmen, por obra do Espírito Santo, o mesmo Deus Verbo que nasceu do Pai antes de todos os séculos, e que deu à luz sem corrupção permanecendo sua virgindade indissolúvel depois do parto, seja condenado”. (Sínodo Romano Lateranense, sob Martinho I (649))O QUE DIZ A SAGRADA ESCRITURA 9CAT 497-498)
É de notar a profecia de Is 7,14, traduzida literalmente do hebraico: “Eis a jovem donzela (almah) concebe e dará à luz um filho, que ela chamará Emanuel”. Os Evangelhos afirmam que Maria Virgem concebeu o Filho de Deus sem a intervenção de semente humana; MT 1,18-20; Lc 1, 26-38 . Em Lc 2, 48 José é dito “pai de Jesus” Lucas afirma (Lc 3,22) que José era o Pai adotivo de Jesus. A Divina Providência quis que Maria fosse verdadeiramente casada com José, homem justo, a fim de que seu lar tivesse a tutela que o homem pode e deve dar à mãe e ao filho.
MARIA SERMPRE VIRGEM- Em 649, o Concilio regional do Latrão declarou: Maria, a santa Mãe de Deus e imaculada Virgem,… concebeu do Espírito Santo sem semente viril o próprio Deus Verbo; deu à luz sem perder a sua integridade, e também depois antes do parto, no parto e perpetuamente depois do parto”.O aprofundamento da sua fé na maternidade virginal levou a Igreja a confessar a virgindade real e perpétua de Maria, mesmo no parto do Filho de Deus feito homem. Com efeito, o nascimento de Cristo “não lhe violou, mas sagrou a integridade virginal” da sua mãe. A Liturgia da Igreja celebra Maria como a “Aeiparthenos”, “sempre-virgem”.
A VIRGINDADE NO PARTO- Jo 1,12s “A todos os que O receberam, deu o poder de se tornarem filhos de Deus, aos que crêem em seu nome, Ele (o verbo) que não nasceu do sangue, nem da vontade da carne ,nem da vontade do homem, mas nasceu de Deus”.Lc 2,7: “Maria gerou seu filho primogênito, envolveu-o em panos e deitou-o no presépio”. Estes dizeres insinuam a ausência das dores e da prostração que costumam acompanhar todo parto.

 A Tradição afirma que “Maria deu à Luz sem dor”, intencionando assim professar a maternidade virginal de Maria. Lucas (2,23) aplica a Jesus o texto de Ex. 13,2,12,15, texto conforme o qual Cristo seria “o filho que abre o seio materno”: esta é uma expressão clássica da Lei de Moisés par designar o primeiro (ou também… o único) filho. Tais palavras não tem em vista um fenômeno fisiológico, mas apenas a posição jurídica do filho na família.
Por conseguinte, a passagem de Lc 2,23 não contradiz ao nascimento virginal de Jesus.A fé da Igreja se afirma em numerosos testemunhos – São Leão Magno Papa: “O Filho de Deus concebido do Espírito Santo no seio da Virgem Maria, que O deu à luz, conservando a sua virgindade (salva virginitate), como O concebeu conservando a sua virgindade”. – São Gregório Magno Papa: “O corpo do Senhor, após a ressurreição, entrou onde se achavam os discípulos, passando por portas fechadas, esse mesmo corpo que, ao nascer, saiu do seio fechado, manifestando-se aos olhos dos homens. Não é para admirar que o Senhor, ressuscitado para viver eternamente, tenha atravessado portas fechadas, visto que, para morrer, Ele veio a nós através do seio fechado da Virgem”. O parto virginal de Maria é fato singular e transcendental, que há de ser preservado com respeito e reverência.
VIRGINDADE APÓS P PARTO – O FILHO ÚNICO – Mc 6,3; MT 13,55s; Mc 3.31-35; MT 12,46-50; Lc 8,19-21; Jo 2,12; 7,2-10; At 1,14; Gl 1,19; I Cor 9,5 A igreja sempre entendeu que essas passagens não designam outros filhos da Virgem Maria: com efeito , Tiago e José, “irmãos de Jesus”(MT 13,55), são os filhos de uma Maria discípula de Cristo que significativamente é designada como “a outra Maria”(MT 28,1) Trata-se de parentes próximos de Jesus, consoante uma expressão conhecida do Antigo Testamento.Jesus é o Filho único de Maria.
Mas a maternidade espiritual de Maria estende-se a todos os homens que Ele veio salvar. “Ela engendrou seu Filho, do qual Deus fez o primogênito entre uma multidão de irmãos (Rm 8,29), isto é entre os fiéis, em cujo nascimento e educação Ela coopera com amor materno.Lc 2,41-52; Lc 2,43; Jo 19,26s/ Primos de Jesus: MT 27,56; Mc 15-40; Jo 19,25: O aramaico que os judeus falavam no tempo de Jesus e que os evangelistas supõem, era língua pobre de vocábulos.
A palavra aramaica e hebraica “ah” podia significar não somente os filhos dos mesmos genitores, mas também os primos e até parentes mais distantes: – Gn 13,8: Abraão disse a seu sobrinho Lote, filho do seu irmão: “Somos irmãos”. (Ver também: Gn 29,12.15; 31,23; I Cor 23,21-23)Lemos em MT 1,25: “José não conheceu Maria (não teve relações com Maria) até que ela desse a luz um filho (Jesus)”. Isso não significa que depois de Ter dado à luz, Maria tenha tido relações com José. A expressão “até que” corresponde ao grego “heos hou” e ao hebraico ad ki.
Esta partícula na Escritura ocorre para designar apenas o que se deu (ou não se deu) no passado, sem indicação do que havia de acontecer no futuro. Ainda hoje na vida cotidiana recorremos a semelhante modo de falar, quando dizemos por exemplo: “Tal homem morreu antes de Ter realizado os seus “planos”. Poderia alguém concluir que, depois da morte, o defunto tenha executado os seus desígnios?Por fim, o termo primogênito não significa que Maria tenha tido outros filhos após Ele. Em hebraico “bekor”, primogênito, podia designar “o bem-amado”.
MISTÉRIO NO SEU DESÍGNIO SALVÍFICO – Falar da Virgindade de Maria significa entrar no mistério espiritual de sua relação com Deus. Se a Virgem Maria teve uma relação verdadeiramente privilegiada com Deus, todos os acontecimentos de sua vida foram marcados pelo extraordinário. A Virgindade de Maria manifesta a iniciativa absoluta de Deus na Encarnação. Assim é que no seu Evangelho, Mateus (1,23) CITA A Profecia de Isaías (7,14): “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho”. E Lucas 1,35 confirma: “O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te envolverá com a Sua sombra”. Eis um extrato de um texto promulgado pela Igreja no Concilio de Trento, que nos convida a dobrar-nos diante das imensas obras do Criador.”
Se a concepção do Salvador está acima de todas as leis da natureza, seu nascimento não lhe é inferior. Seu nascimento é divino, o que é absolutamente prodigioso, o que ultrapassa todo pensamento, toda palavra, é que Ele nasceu de sua Mãe sem acarretar a perda da virgindade, do mesmo modo que, mais tarde, ele saiu do túmulo sem quebrar a rocha que o mantinha fechado, da mesma maneira que ele entrou na casa com as portas fechadas onde estavam seus discípulos… Assim é a Encarnação de Deus em Maria, sem intervenção do homem! Assim é a natividade de Jesus, que preservou a integridade de Maria, do mesmo modo como, na ressurreição, Cristo saiu do túmulo pelo único poder do seu Amor.
 O extraordinário torna-se possível, o sobrenatural torna-se natural quando Deus intervém para realizar seu desejo de Salvação”.Da parte de Nossa Senhora, sua Maternidade Virginal é sinal de sua fé e da sua doação total à vontade de Deus:· Pela fé , Maria submeteu-se inteiramente ao poder do altíssimo, e viu acontecer em sua vida o extraordinário, o impossível.· O dom total de si, da sua pessoa, a serviço dos desígnios salvíficos do Altíssimo. Assim é que João Paulo II escreve em sua Carta Encíclica Redemptoris Mater, sobre a Virgem Maria na vida da Igreja.”O consentimento que ela dá `a maternidade é fruto sobretudo da doação total a Deus na virgindade. Maria aceitou a eleição para ser Mãe do Filho de Deus, guiada pelo amor esponsal, amor que consagra totalmente a Deus uma pessoa humana.
Em virtude desse amor, Maria desejava sempre em tudo doada a Deus, vivendo na virgindade”. (RM 39).Essa atitude esponsal, de abertura total à pessoa de Cristo, a toda a sua obra e a toda a sua missão, une em si, de maneira perfeita, o amor próprio da virgindade e o amor característico da maternidade, num só amor. Ao mesmo tempo Virgem e Mãe, Maria é a forma mais perfeita da Igreja ( Veja Cat. 507).
Fonte:  apelosurgentes.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails