Celebramos neste domingo (12), o dia de Pentecostes, o quinquagésimo dia após a Páscoa, data em que rememoramos a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos, que se encontravam reunidos no lugar de costume (cfe Atos 2,1). O Espírito Santo vem para encorajá-los para a continuidade da Missão deixada por Jesus após a sua morte de cruz, como uma continuidade da visita do próprio Jesus aos mesmos, na qual soprou eles e disse: "Recebei o Espírito" (João 20,22).
O Espírito derramou sobre cada um dos Apóstolos línguas de fogo que fizeram com que estes falassem em outras línguas e pregassem o Evangelho a todas as pessoas que ainda não conheciam. Nos voltemos para o mundo de hoje, onde cada vez mais se faz necessário um trabalho intenso de evangelização com o intuito de dissipar as trevas e o pecado do lado do ser humano, que fraco não sabe se defender. Nós, cristãos, somos convocados para essa dura batalha que o Pai nos confia. Somos os Apóstolos da atualidade e é preciso que nos abramos, assim como os Discípulos de Jesus o fizeram no Cenáculo no dia de Pentecoste, e recebamos por força do Espírito Santo, Mensageiro de Deus Pai, esta força maior que nos servirá como escudo e espada e assim lutarmos contra todos os malefícios e mazelas que atormentam o Mundo.
Sabemos que somos humanos e por isso, sujeitos ao erro (pecado), mas é através desta abertura de nosso coração, de nossa alma, que somos perdoados, mediante o nosso arrependimento, e fortalecidos para a caminhada, reconhecendo o Cristo Senhor, como único Senhor e Salvador de nossa história.
A partir de Pentecostes e durante o prolongamento de nossa vida, o Espírito Santo se torna uma presença importante para nós, por nos dá de presente muitas coisas boas que são necessárias para nos ajudar perante este mundo e cotidiano que vivemos. Na convivência com as pessoas percebemos que cada uma possui qualidades, dons próprios, que somados resultam em uma intensa riqueza. É o próprio Espírito de Deus que distribui estes dons, estes bens preciosos, de acordo com o consentimento Maior, que é de Deus. Só nos resta fazer a nossa parte. Os dons são tão diversos quanto as pessoas. Durante o caminho e possivelmente, descaminhos, da vida cada um (a) vai descobrindo as suas possibilidades e capacidades pessoais. É preciso que cada um (a) saiba ousar, mesmo sabendo e tendo consciência das dificuldades. Importa, aqui, ter coragem, fincar o pé, seguir em frente e buscar. A busca pertence a cada pessoa e faz a história de fé para com Deus.
Quando nos referimos ao Espírito Santo, como nosso mediador, sempre tomamos como referência os seus sete dons: Sabedoria, Inteligência, Conselho, Ciência, Piedade, Fortaleza e Temor de Deus. Inspirados na Palavra de Deus em Isaías 11,2-3 que nos diz: "Sobre Ele repousará o Espírito do Senhor, Espírito de sabedoria e de entendimento, Espírito de prudência e de coragem, Espírito de ciência e de temor ao Senhor. (Sua alegria se encontrará no temor do Senhor). Ele não julgará pelas aparências, nem decidirá pelo que ouvir dizer". O Novo Testamento assume esta profecia na pessoa de Jesus Cristo, o Messias prometido. Ele seria possuído pelo Espírito de Deus e partir de sua força, praticará um reinado alicerçado na justiça e na paz, conforma os dons recebidos.
Os dons doados pelo Espírito Santo não tornam as pessoas passivas, inertes. Mas, pelo contrário, o cristão que toma consciência que está envolvido por estes dons, transforma a sua vivência. Um cristão que não ajuda, não faz a sua parte para mudar a sociedade, o meio que cada um (a) vive, certamente engavetou estes dons. Falamos tanto em dons, presentes dados pelo Espírito Santo para a nossa vida, mas o que são esses dons? O que representam em nossa vida?
O dom da Sabedoria: Nos leva ao verdadeiro conhecimento de Deus e intensa busca dos reais valores da vida. O homem sábio, a mulher sábia, é aquele (a) que pratica a justiça, tem um coração misericordioso, ama intensamente vida, pois a vida vem de Deus;
O dom da inteligência: Este dom nos leva a entender e a compreender as verdades da salvação, reveladas nas Sagradas Escrituras e nos ensinamentos da Igreja;
O dom da Ciência: A capacidade de descobrir, inventar, recriar formas, maneiras para salvar o ser humano e a natureza. Suscita atitudes participação, de luta e de ousadia, frente à realidade atual;
O dom do Conselho. É o dom de orientar e ajudar a quem precisa. Ele permite dialogar fraternalmente, em família e comunidade, acolhendo o diferente que vive em nosso meio. Este dom capacita a animar os desanimados, a fazer sorrir os que sofrem, a unir os separados;
O dom da Fortaleza: É o dom de tornas as pessoas fortes, corajosas para enfrentar as dificuldades da fé e da vida. Ajuda aos jovens a terem esperança no futuro, aos pais assumirem com alegria seus deveres, às lideranças a perseverarem na conquista de uma sociedade mais fraterna;
O dom da Piedade: É o dom da intimidade e da mística. Coloca-nos numa atitude de filho, buscando um diálogo profundo e íntimo com Deus. Acende o fogo do amor: Amor a Deus e amor aos irmãos;
O dom de Temor de Deus: Este dom nos dá a consciência de quanto Deus nos ama. "Ele nos amou antes de tudo", por isso precisamos corresponder a este amor.
Assim, queridos irmãos e irmãs, não fiquemos em nosso lugares acomodados esperando que o Espírito Santo venha sobre nós. Antes, nos coloquemos em oração, uma conversa íntima com Deus, pois o próprio Deus nos diz: "Pedi e recebereis". Peçamos com fé, com humildade, pois a humildade é reconhecer o nosso lugar como criaturas e sujeitarmo-nos a Deus e não existe melhor ambiente para isso do que a oração. O Senhor, em todos os momentos, quer nos dar a sua graça, mas é preciso que a queiramos e corramos atrás para buscá-la. Deus, assim como o Pai no Evangelho do Filho Pródigo, está de braços abertos à nossa espera, mas é preciso que voltemos para junto Dele, arrependidos e desejosos em receber as bênçãos poderosas que saem de Seu colo Paterno.
O Espírito Santo é o amigo que todos desejam ter em suas vidas, nunca dá conselhos furados. Apesar de ser hóspede em nosso coração, o Espírito Santo, nunca deixar faltar nada em casa (o nosso coração), está sempre perto de enxugar nossas lágrimas, de levantar-nos em nossas quedas. Quem O tem não fraqueja. Ele transforma o medo em coragem, torna sólido o nosso caráter e alicerça nossa família, pois coloca Jesus como centro na nossa vida como pilar fundamental, que sustenta nossa existência para Deus. Por isso, continuemos a nossa caminha de irmãos e irmãs em busca deste objetivo central da nossa vida, que é sempre estar em plena comunhão com o Espírito Santo de Deus, pois só assim teremos forças necessárias para levantarmos a bandeira da missão de Deus no mundo atual e lutar por uma sociedade mais justa, solidária e igualitária para todos, na qual Deus seja o centro e esteja acima de tudo e de todos.
Uma feliz e abençoada Celebração de Pentecostes para todos!!!!
Ademilson Medeiros de Azevedo
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