22 janeiro 2010

CONHEÇA O TRABALHO FEITO PELA FAMÍLIA VICENTINA NO HAITI


A Família Vicentina também realiza ações de cidadania e combate à fome no Haiti. Um dos principais trabalhos é desenvolvido pelas Filhas da Caridade do Brasil. Conheça o trabalho em reportagem feita pelo jornalista Alexandre Alves, publicada no Jornal Valeparaibano.


Um oásis no deserto. Assim é o trabalho das religiosas brasileiras no Centro de Nutrição e Saúde irmã Rosalie Rendu, mantido pela congregação católica Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, em Cité Soleil, a maior, mais pobre e mais violenta favela do Haiti. Centenas de mães buscam refúgio na entidade todos os dias para não morrer de fome.

O valeparaibano visitou o centro, onde também funcionam duas escolas infantis, em plena temporada de férias escolas. Mesmo assim, havia mais de 100 mães esperando atendimento médico e outras 50 passando por aulas de nutrição e cuidados básicos de higiene.

As mulheres vão ao centro duas vezes por semana com suas crianças e recebem orientações de saúde, nutrição e higiene. Enquanto os filhos são alimentados, as mães ganham um lanche para não passar fome: pão e um copo de leite. A falta de recursos não permite que o centro dê refeições completas a mães e filhos. É preciso escolher.

“Priorizamos as crianças”, diz a irmã Dulcimar Gonçalves de Azevedo, freira brasileira que há oito anos mora e trabalha no Haiti. Com ela, outras religiosas e padres do Brasil modificaram a paisagem de desolação da maior favela do Caribe.

Irmã Dulcimar explica que o centro em Cité Soleil possibilita às mulheres haitianas aprender ofícios que podem dar a elas algum tipo de renda. Para tanto, há aulas de artesanato, crochê, bordado, costura e pintura.

ALIMENTO - Alexis Mona, 22 anos, mãe da pequena Manianica Remilien, de apenas 7 meses, frequenta o centro para salvar a vida da filha. Sem emprego, renda e marido, morando na casa de uma tia, Alexis come apenas quando vem ao centro. Em casa, depende da ajuda de vizinhos e amigos para se alimentar. Ela sonha em ganhar dinheiro vendendo peças de artesanato.

“A grande maioria das mulheres em Cité Soleil é mãe solteira, desempregada e analfabeta. A maior parte tem entre 18 e 25 anos e mais de um filho. Há meninas que, antes dos 15 anos, já engravidaram mais de uma vez”, relata irmã Dulcimar, que fala fluentemente o creole. “Ensinamos essas meninas a serem mães de verdade.”

Nascida no pequeno município de Jardim do Seridó, interior do Rio Grande do Norte, a religiosa está acostumada a lidar com a pobreza. Mesmo assim, diz-se chocada com o que encontrou no Haiti. “Nunca vi pobreza como essa”, assegura.

No centro, explica a religiosa, bebês e crianças com baixo peso, que formam a maioria da clientela da entidade, comem alimentos reforçados da multimistura usada pela Pastoral da Criança para combater a desnutrição infantil no Brasil. Funciona aqui e lá também. Em poucos meses, crianças esquálidas ganham peso e um sorriso no rosto.

MULTIMISTURA - Michelaine, 2 anos, chegou ao centro no ano passado com o peso bem abaixo do normal. Com a ajuda da multimistura, a menina ganhou peso e hoje consegue brincar no parquinho da entidade com outras crianças da mesma idade.

A mãe, Micheline Pierre, 40 anos, só tem elogios para o trabalho das religiosas. “Elas nos ensinam sobre saúde e nutrição, cantam conosco e nos confortam na dor”, conta ela, que tem outros seis filhos para criar.

O marido dela trabalha como motorista de tap-tap, os veículos velhos usados como transporte alternativo no Haiti. O que ele ganha não sustenta toda a família. Micheline não sabe ao certo que futuro seus filhos terão. “Só espero que eles tenham educação”, diz.

O trabalho no centro funciona em forma de escalas. Enquanto uma turma de 25 a 30 crianças recebe alimentação, outro grupo descansa numa área de lazer da entidade, brincando ou dormindo em colchões colocados num quiosque. Um terceiro contingente recebe orientações de higiene junto com as mães. Há também um grande salão com berços de madeira para recepcionar os bebês.

Sem dinheiro para comprar comida, Mireille Volcy, 25 anos, leva a filha Snimy Sincyr, 3 anos, semanalmente ao centro. Dali, ela consegue levar para casa um pouco de alimento. Ganha pacotes de arroz, milho e leite em pó, além de um pouco de carne. “Dou graças a Deus que o centro existe”, confessa.

AJUDA - Irmã Dulcimar conta que o centro recebe a ajuda de organismos internacionais e das tropas brasileiras no Haiti. Os militares entregam todas as sextas-feiras um caminhão de água para a entidade, além de cestas básicas e outros mantimentos regularmente.

Texto e foto- Alexandre Alves
Fonte: http://www.ssvpbrasil.org.br/ (SOCIEDADE SÃO VICENTE DE PAULO - Site oficial)


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