Não podemos ser cristãos apenas de sentimentos
Estamos num momento significativo na
história da sociedade. Teremos de votar novamente, colocando em prática nosso
direito de cidadãos brasileiros. Com isto, vamos escolher todos os nossos
próximos representantes no poder executivo e legislativo dos diversos
municípios. Cada eleito vai agir como nosso porta-voz e em nome do
povo de seu município.
É hora de pensar em duas palavras
decisivas: fé e fidelidade. Isto significa autenticidade, fato que não
tem sido levado em conta em nosso país. Muitos políticos não são tementes a
Deus, mas infiéis, carreiristas e não se colocam a serviço do bem comum. O povo
sofre com isto e acaba assistindo às atitudes de desonestidade. O poder,
verdadeiramente constituído, vem de Deus, mas isto passa pela ação livre dos
eleitores. Significa que a autoridade escolhida não tem real poder se foi
eleita por quem não tenha agido, na hora de votar, com plena liberdade. Comprar
e vender o voto não significa liberdade plena, não é ato totalmente divino e
não é voto com nobreza e consciência madura.
Todo candidato, nas eleições, procura se apresentar bem,
com boa aparência e propósitos muito firmados. Mas acontece que há uma
mentalidade de triunfo e muito individualista. Ela esconde interesses que não
são os do povo. É como falar de fé sem obras, aparências que tentam convencer,
mas privilegiam interesses próprios ou de grupos particulares.
Na verdade, ser porta-voz é ser luz para
o povo. Isto é diferente de ser opressor, que tira a esperança e a alegria das
pessoas. Por outro lado, o povo quase não acompanha nem é resistente diante das
atitudes dos políticos eleitos. É cômodo ser passivo, porque agir supõe coragem
e enfrentamento. Não podemos ser cristãos apenas de bons sentimentos e
intenções, porque a fé exige fidelidade e compromisso bem definidos,
principalmente nos momentos decisivos da sociedade. Não basta confessar a fé,
como o fez Pedro diante de Cristo. Temos de enfrentar as diversidades e maldades que
impedem a realização do bem. É um caminho de cruz, de maturidade e coragem.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba – MG
Arcebispo de Uberaba – MG
Fonte: canção nova
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