O risco de se perder o autêntico sentido da religião, caindo numa falsa
religiosidade, foi a reflexão do Papa Bento XVI antes do Angelus deste domingo,
2, na residência apostólica de Castel Gandolfo.
O Santo Padre comentava as leituras da liturgia deste domingo, que se
referem ao tema da Lei de Deus, “elemento essencial da religião hebraica e
também da cristã, a qual encontra seu pleno cumprimento no amor".
“A Lei de Deus é a sua Palavra que guia o homem no caminho da vida. o
faz sair da escravidão do egoísmo e o introduz na 'terra' da verdadeira
liberdade e da vida”, destacou o Papa.
É por isso que “na Bíblia, a Lei não é vista como um peso, uma
limitação que oprime, mas como um dom precioso do Senhor, o testemunho do seu
amor paterno, de sua vontade de estar próximo ao seu povo, de ser o seu Aliado
e escrever com ele uma história de amor”.
No limiar da Terra Prometida, após o longo caminho do deserto, Moisés
adverte o povo para a necessidade de escutar e aplicar as palavras ditas da
parte do Senhor. O problema que o povo estava para enfrentar, ao
estabelecer-se, era o de pôr toda a sua segurança e alegria em algo que não era
a Palavra de Deus, mas sim nos bens, no poder e em outras divindades que na
realidade são vãs, são ídolos, explicou Bento XVI.
“A Lei de Deus permanece, mas já não é a coisa mais importante, a regra
de vida; torna-se mais um revestimento, uma cobertura, enquanto a vida segue
outros caminhos, outras regras, interesses frequentemente egoístas individuais
e do grupo. E assim, a religião perde o seu sentido mais autêntico, que é viver
na escuta de Deus para fazer a sua vontade - que é a verdade do nosso ser - e
assim viver bem na verdadeira liberdade, se reduz a prática de costumes
secundários, que satisfaça o desejo humano de sentir-se bem com Deus”,
enfatizou.
Bento XVI alerta que tal atitude é um grave risco para qualquer
religião, algo que Jesus encontrou no seu tempo e com que se confrontam os
cristãos de todos os tempos. Por isso, no Evangelho deste domingo, Jesus
critica a vivência de fé dos fariseus e dos escribas, que cumprem os preceitos,
mas com o coração longe de Deus.
Por fim, o Papa recorda as palavras de São Tiago, em sua Carta, sobre o
perigo da falsa religiosidade. O apóstolo escreve aos cristãos, dizendo:
"Sede cumpridores da Palavra e não apenas ouvintes; isto equivaleria a vos
enganardes a vós mesmos" (Tg 1, 22).
Após a recitação do Angelus, Bento XVI dirigiu-se em cinco línguas aos
presentes reunidos no pátio interno da residência pontifícia de Castel
Gandolfo. De fato, em francês dirigiu uma saudação especial aos libaneses presentes,
assegurando-lhes "as suas orações" e a sua "alegria" em
visitar daqui a alguns dias o País dos Cedros. Dentre as saudações
particulares, o Papa felicitou os casais de esposos que festejam 25 anos de
matrimônio.
O Santo Padre concedeu, a todos, a sua Bênção apostólica.
Fonte: canção nova
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