"Eis
que veio o Senhor dos senhores, em suas mãos o poder e a realeza". (Ml
3,1; 1 Cr 19,12)
Meus irmãos,
Celebramos neste domingo a festa da
Epifania.
O que é a Epifania?
É a
manifestação do Salvador a todos os povos e Nações. A manifestação de Deus na
pessoa frágil do menino Jesus.
Todos nós
somos convidados a nos sentirmos como os Reis Magos, peregrinos na fé, junto
com toda a humanidade que enfrenta o cansaço da viagem longa, na busca contínua
de um sentido para a vida e para as contradições e percalços da caminhada. A
fragilidade de Jesus nos recorda os milhares de crianças frágeis e abandonadas
pela crueldade desta sociedade hedonista em que vivemos.
Celebramos a
utopia do autor bíblico que nos ajuda a atingir o objetivo da esperança cristã,
construindo uma parceria com Deus Nosso Senhor.
As Sagradas
Escrituras nos ensinam a caminhar, a plantar as sementes de nossa fé, vingando
águas mais profundas, construindo uma parceria com o Senhor da Vida e a
Humanidade.
E essa parceria entre o Senhor e a Humanidade é a festa da manifestação deste
Deus que nos convida a viver a vocação “universalista” cantada pelo livro de
Isaías na primeira leitura: Jerusalém é agora o centro para o qual convergem as
caravanas do mundo inteiro. Esta visão profética, concebida para a restauração
da cidade santa depois do Exílio, verifica-se plenamente quando os magos do
Oriente, conduzidos por um astro desconhecido, se apresentam na cidade santa,
procurando o Messias nascido na cidade de Davi, trazendo-lhe as riquezas das
quais falava a visão de Isaías: ouro, incenso e mirra.
Já a Segunda
Leitura(cf Ef 3,2-3a.5-6), acentuando a universalidade da encarnação para
crentes e incruéis, fala de um tema que permeia toda a Carta aos Efésios: a
participação de judeus e pagãos na revelação de Deus em Jesus Cristo. É assim,
pois, a manifestação de Deus para todos, não apenas para o povo hebreu. Ele
veio para nos salvar, é a “Luz para iluminar as nações” e a “glória de Israel
seu povo”; ou seja, pelo reconhecimento que o povo hebreu deveria ter
testemunhado e proclamado, o Messias seria reconhecido por todo o mundo.
Amigos e
Amigas,
O escritor
sagrado usa de sinais: a estrela(cf Mt 2,1-12). Herodes teve a palavra dos
magos: os judeus tiveram as Escrituras. Deus nos fala de muitas maneiras. O
importante é pôr-se em busca e essa procura pode durar toda uma vida.
Nesse
contexto, a humanidade está representada pelos magos do Evangelho, todos os
povos da terra que caminham ao encontro do grande desejo de seu coração: o
próprio Deus. Ele vem até nós em Jesus, mas temos de dar também nossa ajuda, o
nosso passo.
Essa busca é,
muitas vezes, difícil, cheia de armadilhas, de incertezas, até de desvios. Há
momentos também em que não vemos mais a “estrela”, não vemos os sinais de Deus
e ficamos perdidos. Não podemos, contudo, desistir da grande aventura da vida.
É preciso seguir em frente, acreditando que “depois da tempestade vem a
bonança”, como reza o sábio dito popular.
A Epifania é
a festa em que Deus nos mostra a sua face. Deus nos surpreende mostrando-nos a
sua própria face. Em Jesus, é Deus que está presente entre nós para nos guiar
na travessia da vida, para reacender em nós o desejo do céu, das coisas do alto.
Jesus pode
nos falar das coisas do alto porque Ele veio do sonho do Pai Eterno. Aqui na
terra, Jesus vai nos mostrar a sua face, vai nos mostrar como é o Céu. Nesta
solenidade de hoje, Jesus se revela, mostra a sua face a todos os
povos, na figura dos Reis que vão adorá-lo, para que todos andem no clarão
dessa luz. Assim se realizarão os maiores e mais lídimos ideais da vida: a paz,
a comunhão, a alegria.
Meus amigos,
Todos nós
somos convidados a sermos uma comunidade-testemunha. Israel se tornou, de fato,
o centro do mundo, porém não para si mesmo, mas para que nele brilhasse a luz
para todos. Aos poucos, ficará claro quais os filhos que assumem
verdadeiramente esta função, unindo-se ao Menino do presépio. O mesmo vale
ainda hoje. O universalismo de Cristo não resplandece nas organizações
internacionais, mas no testemunho do Espírito de Cristo, nas concretas
comunidades de amor fraterno.
Jesus de
Nazaré, nascido em Belém, é a manifestação de Deus a todos e a cada pessoa
humana em todos os lugares e em todos os tempos. Nenhum povo da terra está
desprovido do sentimento religioso. Todos querem ver, apalpar, escutar os seus
deuses. E, sobretudo, sentir-se protegidos por eles.
Hoje temos a
revelação do Deus único e verdadeiro. Em forma conhecida de todos: a forma de
um homem, homem e Deus ao mesmo tempo. Realmente, Jesus é o Emanuel, (Is
8,8.10; Mt 1,23), isto é, o Deus conosco. Todos os milagres, e não só o
nascimento, realizados por Jesus foram manifestações, particularmente a sua
transfiguração (Mt 17,1-8). E o que fazemos hoje é manifestar a todo o mundo o
nascimento do Senhor.
Os Magos
estão repletos de simbolismos e o primeiro é o da universalidade da salvação. O
segundo simbolismo é a missionariedade do Evangelho pregado. A universalidade
da salvação veio para todos e, em vista disso, todo cristão deve ser um
missionário.
No início da
Igreja, a idéia dominante era que Cristo viera para poucos, para os chamados
“santos”. Ao contrário, Jesus veio para todos, prosélitos, judeus, pagãos,
indistintamente. Por isso, São Paulo, na segunda leitura de hoje, nos ensina
que “os pagãos são co-herdeiros e membros de um mesmo corpo, co-participantes
das promessas em Cristo Jesus, mediante o Evangelho” (Ef 3,6).
Em
contraponto, os batizados devem assumir a grave obrigação de levar a todos a
mensagem cristã. A missionariedade da Igreja faz parte da própria natureza da
Igreja. Ver os povos prostrados diante do Presépio é contemplar os cristãos
saindo do Presépio em direção aos quatros cantos do mundo.
Irmãos e irmãs,
Jesus é apresentado como “a luz dos povos”
(Lc 2,32), é luz para todos.
Jesus não
excluiu ninguém. Os Magos não foram a Belém apenas para “ver” um menino. Eles
foram para adorar, conforme disseram a Herodes (Mt 2,22). E não só adoraram,
caíram por terra, reconheceram que o Menino era divino, que o Menino era o
Filho de Deus que se manifestou, assim, a eles, da mesma forma como se
manifestará a quantos o procurarem e souberem encontrá-Lo na simplicidade e na
pobreza. Os Magos nos ensinaram que Jesus não mora nos palácios de Herodes, mas
na imagem de cada irmão oprimido, sofredor, descriminado pelos preconceitos
fundados na soberba, na ambição, no egoísmo. Jesus é a revelação da inocência,
da pureza, da caridade.
A Epifania,
pela presença da estrela, é a festa da luz. Luz que é salvação no Cristo
presente-presença. Com o nascimento de Jesus, a cidade terrena encheu-se de
salvação, como uma sala se ilumina ao acender da lâmpada.
A salvação
trazida por Jesus é um longo caminho a ser percorrido. Andaram os Magos, andou
a estrela. A luz da estrela pousou sobre a casa de Jesus. Toda a salvação se
encontra na pessoa de Jesus: “Em nenhum outro há salvação” (At 4,12). Por isso,
ela deve ser procurada.
Somos
convocados a uma comunhão universal com todos os povos, com os diferentes
feitos de adorar a Deus e buscar a libertação. A estrela indica um caminho
alternativo, um caminho que não passa pelo conhecimento dos grandes, mas pelo
discernimento dos pequenos e fracos, o caminho que nos leva ao Menino de Belém.
Epifania é a
festa da disponibilidade. Epifania é a festa da possibilidade de conhecer a
Deus.
Os pastores –
gente simples do povo – reconheceram o Menino Deus e voltaram ao trabalho
“glorificando e louvando a Deus” (Lc 2,20). Os Magos – gente sábia – “encheram
de grande alegria e, caindo por terra, o adoraram” (Mt 2,10-11).
Epifania,
festa de luz, festa da salvação universal. Assim é preciso pôr-se em contínua
caminhada na busca do verdadeiro encontro com Jesus. Precisamos descobrir a
estrela que nos guie de forma segura ao longo do ano na busca do rosto sereno e
radioso do Senhor.
Por: Padre Wagner Augusto Portugal
Fonte:
catequisar
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