Para muitos a
oração não é mais atividade necessária
As preocupações do homem moderno parece que se deslocaram. Seu
comportamento é de quem assumiu com as próprias mãos o destino de seus dias. Os
humanos não contam mais com auxílio externo para ter sucesso nos seus negócios.
Os seus planos, a sua inteligência, e a sua capacidade de trabalho são a chave
da vitória de seus empreendimentos. A atual crise econômica mundial, no
entanto, vem desmentir essas soberanas convicções.
O que acontece é que a grande motivação cristã da felicidade, na
eternidade, foi puxada para baixo. As promessas de plenitude do nosso ser
aterrissaram. Tudo o que de belo a fé nos garantia virou paraíso terrestre.
O comunismo – que tinha alguns ideais muito interessantes - pecou por
essa razão: seu olhar se baixou para o horizonte exclusivo desta vida. Por
isso, nos dias atuais, a população quer cuidar do corpo, porque pretende viver
sempre, precisa estudar sem parar para estar em condições de competir com
qualquer contendor. O corpo deve ficar cada vez mais belo e perfeito; sente-se
a necessidade de enriquecer para ter todo conforto possível; deve aprender a
evitar conflitos desnecessários com o semelhante, pois a caminhada vai ser
longa; a religião é proposta como garantia de prosperidade...neste mundo.
Então, “comei, bebei, inebriai-vos” (Ct 5, 1). A oração toma contornos
surreais; não é mais uma atividade necessária.
No entanto, o vazio da vida, que teima em nos incomodar, só o deixamos
de sentir em comunicação com nosso Deus e amigo. "Por ti, ó Deus, suspira
a minha alma" (Sl 42,1). Sem referência ao Eterno somos pássaros de
uma asa só.
Jesus, o orante por excelência, nos mostrou que a atitude de busca pelo
Pai se deve expressar no louvor, na humilde adoração, na gratidão.
"Oferecei a Deus sacrifícios de louvor” (Am 4,5). É certo que, nós como
Seus filhos, temos direito de pedir resultados para os nossos trabalhos. Mas
Jesus selecionou – como forte sugestão – quais os pedidos, aos quais devemos
dar preferência: que venha o Reino, que tenhamos o Espírito Santo e que se faça
a vontade do Pai Criador.
Nada impede aos filhos acrescentar outras petições. O importante é nos
aproximarmos desse Ser Amoroso, de cuja amizade depende a nossa realização.
Dom Aloísio
R. Oppermann scj- Arcebispo de Uberaba
domroqueopp@terra.com.br
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Fonte: canção nova
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