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eles foi entregue a tarefa de serem testemunhas do amor de Deus
Dirijo-me, hoje, com grande alegria
no coração, a todos os homens que receberam a
graça da paternidade, participação misteriosa e sempre carregada de surpresas
no ato criador de Deus. Com as mulheres, mães com as quais geraram vidas, vocês
são indispensáveis à continuação da espécie humana sobre a terra, e mais ainda
indispensáveis para serem imagens do Pai do Céu, a quem chamamos de “Pai
nosso”.
Em cada homem que se fez pai, quero saudar o
exercício sadio da masculinidade, agradecendo-lhes pela vocação que Deus lhes
confiou de serem personalidades carregadas de força e, ao mesmo tempo, de
grande ternura. A todos peço para valorizarem o dom de conquistarem,
sadiamente, o maravilhoso mundo feminino, presente no recesso do lar que Deus
lhes concedeu. Se casados há pouco ou muito tempo, não importa, suplico a Deus
para todos os esposos a graça de redescobrirem o namoro permanente, feito de
olhares e carinhos, surpresas e gestos gratuitos de atenção. A vocês foi
entregue a tarefa de serem testemunhas do amor misericordioso do “Pai nosso”.
Tomo a liberdade de entrar na casa daqueles homens que são pais, mas
ainda não descobriram a beleza de um sacramento feito para o homem e a mulher
que se amam. De fato, o matrimônio é graça de Deus, do mesmo modo que o
batismo, a crisma, a Eucaristia e outros sacramentos. Ele é um presente de
Deus, não instituído para dar mais ou menos sorte a quem quer que seja, mas
para transformar o casal que o recebe num sinal do amor de Cristo e da Igreja.
Serve para que você, pai, aponte, com sua vida e seu amor, para aquele que,
sendo “Pai nosso”, quer ser servido e amado por todos os homens e mulheres. Você é
chamado a se casar na igreja!
Sei que há muitos pais que
perderam filhos ou filhas e não me esqueço deles, como o “Pai nosso” não os esquece. Trata-se
de algo muito sério, pois relembro muitos homens aos quais me foi dada a graça
de ajudar em momentos dolorosos. Quantas lágrimas correm de rostos enrijecidos
pelas lutas da vida quando o sofrimento bate à porta. Se palavras, muitas
vezes, são insuficientes para consolá-los e às suas esposas e famílias, aceitem
a presença da Igreja, que quer, mesmo no silêncio, dizer-lhes que não estão
sós. Desfrutem a companhia da comunidade católica, com a qual vocês, pais da
terra, podem rezar ao “Pai nosso”.
Queridos pais, muitas vezes, suas mãos calejadas ou
rostos cansados, os passos corridos de quem vai para o trabalho, uniformes ou
ternos, empregos formais ou não, foram usados como sinal do que vocês
representam: a força de trabalho na sociedade. Ainda que tantas mulheres tenham
trabalho, cargos e responsabilidades fora de casa, vocês são vistos como os
provedores das famílias. E o provedor “providencia” e acaba muito parecido com
aquele que é o Senhor da Providência, a quem pedimos o pão de cada dia, quando
rezamos o “Pai-Nosso”. Em nome da Igreja, reconheço todo o bem que fazem, o
valor de seus esforços, sua labuta, seu cansaço, seu desejo de melhores condições
de vida para suas famílias.
Dirijo-me agora aos pais que fazem muito e falam pouco, cuja dedicação
e consciência são pouco conhecidas aos olhos humanos, mas patentes aos olhos de
Deus. Vocês não são esquecidos por Deus nem pela Igreja. Desejo que Ele os faça
superar a timidez e os ajude a se introduzirem mais e mais na vida das
comunidades cristãs. Ajudem-nos a sermos bem realistas em nossas decisões.
Ajudem seus filhos sem se omitirem na hora da correção. Mostrem o rumo, pois
esta é a graça própria da paternidade. Afinal de contas, o “Pai nosso” quis
contar com vocês!
Conheço também muitos homens que não experimentaram a fecundidade e,
por um motivo ou outro, não tiveram filhos. Muitos de vocês deram um passo
bonito, junto com sua esposa, assumindo filhos dos outros pela adoção. Outros
se tornaram pais de muitos outros, com sensibilidade social apurada, ajudando a
quem precisa. Com todos estes homens podemos dizer “Pai nosso”, porque, na
fecundidade do Pai do Céu, cada um pode encontrar seu modo de fazer o bem e
participar de Seu amor infinito.
Lanço, agora, meu olhar para os que ainda não são pais, mas querem
sê-lo, os jovens ou adultos que se sentem chamados ao casamento e à fecundidade
do matrimônio. Lembrem-se de que esta é uma vocação, um chamado, uma graça de
Deus a ser acolhida e vivida com alegria. Não tenham medo das
responsabilidades! Busquem o casamento e a família e não aventuras fortuitas.
Saibam preparar-se bem para se realizarem na participação do mistério do “Pai nosso”.
Enfim, há homens que foram chamados a outro tipo de paternidade, pois
Deus lhes concedeu a graça de serem pais da grande família de seus filhos na
Igreja. São tão importantes que nós os chamamos “padres”, mais fecundos do que
qualquer pai de família. A eles agradeço por nos ensinarem a rezar o
“Pai-Nosso” e por gerarem os filhos de Deus pela Palavra e pelos sacramentos.
Com todos os pais, no dia que lhes é dedicado, qualquer que seja sua
idade ou situação, fazemos o que existe de melhor, rezando juntos: "Pai
nosso, que estais nos Céus, santificado seja o vosso nome, seja feita a vossa
vontade, assim na terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal".
Dom Alberto
Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém – PA
Arcebispo de Belém – PA
Fonte: canção
nova
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