O verdadeiro amor é construído dia a dia
Havia um senhor que, todas as manhãs, ia tomar café com sua esposa,
a qual se encontrava internada em um asilo. Certa manhã, este senhor estava
esperando o ônibus. Quando olhou para o lado, viu um amigo seu que se
aproximava. Cumprimentaram-se e o senhor convidou seu amigo para sentar-se ao
seu lado. Contou ao amigo sobre sua jornada matinal de todos os dias. Ouvindo-o
atentamente, este amigo lhe perguntou:
"Por que, todas as manhãs, você vai
tomar café com sua esposa, se ela não se lembra mais quem é você? Ela tem
Alzheimer!" Nisto, aquele senhor virou-se e, olhando profundamente nos
olhos de seu amigo, disse-lhe:"Ela pode não se lembrar de quem eu sou, mas
eu me lembro de quem ela é e do compromisso que nós assumimos perante
Deus!"
Em uma sociedade com tantas propostas de
felicidade, esta pequena história nos ensina o valor da fidelidade nas relações
conjugais, em todos os momentos da vida: na alegria e na tristeza, na saúde e
na doença, todos os dias, manhãs, tardes e noites da vida a dois. A fidelidade entre o casal começa no
período de namoro, momento propício do conhecimento, tempo de
construir uma relação madura e humana. Estação de semeadura das flores que, um
dia, irão florir nos canteiros de uma vida conjugal sacramentada pela bênção de
Deus.
A fidelidade no casamento é fruto da
fidelidade no namoro. A busca pelo que é essencial no casamento deve sempre ser
maior do que é periférico. Muitos relacionamentos conjugais se estacionam em
sentimentos periféricos, os quais não trazem nenhum benefício para quem busca
construir uma vida de amor partilhado. O amor, que um dia os uniu, acaba sendo
deixado de lado por desentendimentos não resolvidos, pela falta de diálogo e
compreensão de ambas as partes.
Fidelidade
nas alegrias da vida, mas também nos momentos de tristeza.
Fidelidade na saúde e também na doença. O verdadeiro amor é construído dia a
dia na vida do casal. A cada nova manhã, marido e mulher são sempre convidados
a renovar a fidelidade um ao outro e a redescobrirem o motivo que, um dia, os
levou ao altar: o amor que os uniu por toda a vida.
Uma verdadeira experiência da fidelidade
conjugal passa pelo processo da gratuidade do amor. Marido e mulher, que cobram
amor um do outro, estão negociando seus sentimentos. A própria palavra
“cobrança” revela, em si mesma, seu significado: só cobramos algo de alguém
quando há uma dívida pendente. O amor conjugal não é negócio, mas pura gratuidade,
doação e entrega. Quando as cobranças começam, o relacionamento entra num
processo de contabilidade, no qual o saldo final sempre será negativo.
A cada novo dia, a cada nova manhã, o
amor e a fidelidade
devem ser renovados. Novas esperanças devem ser semeadas no jardim
da vida a dois. Esposo e esposa devem cultivar, em conjunto, no canteiro da
alma, o amor que os uniu um dia. Descobrir que o outro não é tão perfeito
como se imaginava, é um exercício de paciência que só poderá ser vencido com as
flores da paciência, do diálogo e do perdão.
No casamento, a fidelidade nasce da
simplicidade da partilha a dois. Cada casal é sempre convidado a descobrir, na
simplicidade da vida a dois, o espetacular da vida matrimonial.
Padre Flávio Sobreiro
Fonte: canção nova
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