04 julho 2012

DÍZIMO: sinal de amor e compromisso pela comunidade


 “É muito legal olhar o dízimo não como forma de pagamento, mas como uma bênção de Deus. O perfeito ensinamento do Senhor Jesus é o amor-comunhão”.
(Pe. Edmundo de Lima Calvo)
Queridos irmãos e irmãs, caríssimos casais, quando fui convidado a escrever um artigo sobre o dízimo para este digníssimo blog muitas dúvidas me invadiram o pensamento sobre o que deveria escrever principalmente por se tratar de um meio de comunicação voltado especificamente para casais. Encontrei estas belíssimas palavras do Padre Edmundo e resolvi utilizá-las para esta belíssima e importante partilha sobre o que é o dízimo e qual a sua função dentro da comunidade, a qual voltaremos para nossa em que vivemos.
A nossa Igreja é a Casa de Deus por excelência, é o lugar de anunciar e celebrar a fé em Cristo. Nossa comunidade é um lugar aconchegante, nossa segunda casa, o porto seguro para toda a nossa família ouvir a Palavra encontrar-se com o Pai e, como irmãos, partilhar a fé, princnipalmente aos domingos, quando a graça de Deus nos alcança nas celebrações eucarísticas, este é o verdadeiro amor-comunhão ensinado pelo Senhor Jesus Cristo, quando o mesmo veio cumprir a sua missão junto a todos nós aqui na terra, digo a todos nós, pois o povo que viveu no tempo de Jesus e os ensinamentos que lhe foram dirigidos cai sobre todos nos dias hoje.
Como nos anima ver nossa comunidade preparada para nos acolher e evangelizar! Há salas adequadas, aparelhos instalados e pessoas capacitadas para nos dirigir a palavra. Dizem que a apresentação externa de uma casa é o reflexo do interior de seus donos. Isto vale também a nossa Paróquia, pois, em certa medida, ela reflete o conjunto da vida espiritual de seus fiéis. A instituição do dízimo acompanha a história e a cultura do Antigo Israel, não uma coisa inventada agora pelos Padres de nosso tempo ou Bispos, ou ainda, pelo próprio Papa, como forma de arrecadar dinheiro para a Igreja se tornar uma potência em riqueza, como veremos mais a frente, o Dízimo servirá para suprir as principais necessidades da comunidade.
É Abraão, nosso pai, quem entrega, primeiro, um dízimo. Abraão, depois que as terras de Canaã foram invadidas, juntou seus aliados e outras populações da região e iniciou a perseguição aos reis agressores, vencendo-os com uma tropa. Na volta da batalha, Abraão encontrou-se com Melquisedec, o rei sacerdote de Salém. Este pronunciou uma bênção sobre o patriarca: “Bendito seja Abraão pelo Deus Altíssimo que criou o céu e a terra. E bendito seja o Deus Altíssimo que entregou teus inimigos em tuas mãos”. A reação imediata de Abraão consistiu na entrega do dízimo: “E Abraão lhe deu o dízimo de tudo” (Gênesis 14,19-20).
Melquisedec repara nesta atitude como algo abençoado por Deus a ação solidária de Abraão de libertar o povo dos invasores. O Senhor e Deus anunciado por Melquisedec não tolera que alguém mais forte oprima e saqueie o mais fraco, e com certeza esta é a nossa fé que professamos, num Deus que é Pai e que não deixa os seus filhos aparentemente mais fracos e indefesos sofrerem nas mãos dos poderosos. Pelo contrário: Deus atua através de pessoas dispostas a fazerem prevalecer a dinâmica libertadora neste mundo. Em contrapartida, Abraão assume uma postura pela gratidão. Mais ainda: declara publicamente este gesto significante com a devolução do dízimo, que experimentou a ajuda do Deus Altíssimo, quando se propôs, juntamente, com seus poucos aliados, recuperar a liberdade de quem estava sendo primido.
A partir começamos a ver a dimensão do dízimo, não sendo como um pagamento igual a de uma recarga de celular, nem tampouco como uma mensalidade de internet ou financiamento de imóvel ou veículo, e sim, como ação de graças a Deus por todas as suas bênçãos derramadas sobre cada um de nós, principalmente a juventude que está na fase em que alicerça a sua vida. “O dízimo é, antes de tudo, um gesto de gratidão”. Somente depois também assume a característica de contribuição, cujo sentido, porém, não deve ser minimizado, pois a Igreja é também corporeidade, isto é, precisa de recursos para cumprir sua missão evangelizadora. Assim, o Dízimo torna-se uma bênção de Deus que abre novas possibilidades para as nossas comunidades.
Vejamos o que nos diz a Sagrada Escritura (a Bíblia Sagrada) mais precisamente o Livro de Malaquias no capítulo 3 e versículo 10: “Trazei ao tesouro do templo e dízimo integral, para que haja recursos na minha casa. Fazei comigo esta experiência – diz o Senhor. Vamos ver se não abro as comportas do céu, se não derramo sobre vós minhas bênçãos de fartura”. O profeta é o porta-voz do “desafio” do Senhor, que quer a sua casa com recursos para atender o povo. Oferecer o Dízimo é reconhecer que tudo provém de Deus e volta para ele. O Senhor reivindica para si a confiança inabalável do cristão em sua ação providente, por isso diz: “Fazei comigo esta experiência” (Malaquias 3,10). Deus toma a iniciativa em nosso favor e age antes de nós. Ao reconhecermos isso, o amor a Deus reverte-se para nós em bênçãos sem medidas. Por isso, devemos amá-lo sobre todas as coisas.
Outro exemplo peculiar sobre o Dízimo como gesto de amor e gratidão encontramos no Evangelho escrito por Lucas no capítulo 21 e versículos de 1 a 4, que nos diz: “Ao levantar os olhos, Jesus viu pessoas ricas depositando ofertas no cofre. Viu também uma viúva necessitada que deu duas moedinhas. E ele comentou: ‘Em verdade, vos digo: esta viúva pobre deu mais do que todos os outros. Pois todos eles depositaram como oferta parte do que tinham de sobra, mas ela, da sua pobreza, ofereceu tudo que tinha para viver”.
Jesus com toda a sua santidade elogia a atitude da viúva pobre que soube partilhar. Mesmo diante do tempo em que vivia, ela mais do todos colocou em prática o verdadeiro sentido da partilha, uma lição para eles na época e para nós hoje. O que vale mais: os poucos centavos da viúva, que foram dados por amor? Ou as muitas moedas dos ricos, que talvez não tenham sido ofertadas com tal sentimento pelo Senhor ou pelo templo? De fato, para quem pensa com idéia extremamente capitalista, imagina que os dois centavos da viúva não servem para nada: Para nós, para o mundo que vivemos seria impossível pagar uma energia, uma fatura de água, assinatura de jornaizinhos para as celebrações, etc. Mas, Jesus com todo o amor que vem de Deus, declara: “esta viúva pobre deu mais do que todos ou outros”, por que será? Irmãos (ãs), Jesus tem critérios diferentes. Chamando a atenção dos discípulos para o festo da viúva, ensina a eles e a nós onde devemos procurar a manifestação da vontade de Deus, a saber, nos pobres e na partilha. E um critério muito importante é este: “Todos eles depositaram como oferta parte do que tinham de sobra, mas ela, da sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha para viver”. Às vezes, somos inundados por pensamentos que nos levam a afirmar erroneamente que o Dízimo para a Igreja vai para o bolso do padre, ou que faz feira para as imagens tomarem café, almoçar e jantar como nós seres humanos, isso não passa de balela proferida por quem não tem fé. O dízimo somente através destes dois exemplos retirados da Bíblia, se mostra como gesto de amor, compromisso com a comunidade e de gratidão a Deus. A Bíblia nos diz, se ainda tiver que não acredite, com certeza este não acredita em Deus, pois a Bíblia, como sabemos, é o Santo Livro inspirado por Deus.
Continuando com o exemplo da viúva, a sua ação pressupõe a confiança total em Deus e na providência dele. O Reino de Deus, anunciado por Jesus, exige a mesma postura. O próprio Jesus nos dá o exemplo se doando inteiramente até a morte na cruz: “[...] sabendo Jesus que tinha chegado a sua hora, hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (João 13,1). Jesus, como sacerdote e vítima, oferece a si mesmo em sacrifício para salvar seu povo. A medida da sua generosidade é sua vida oferecida como corpo doado e sangue derramado em nosso favor, com os quais entramos em comunhão ao celebrarmos a Eucaristia. E para nós, irmãos e irmãs, será que hoje oferecemos este sacrifício pela comunidade de Jesus Cristo?
Para refletir:
1.                  Olhando para o verdadeiro sentido do dízimo para a comunidade, será que conseguiremos abrir o nosso coração para este gesto de amor e de gratidão?
2.                  Quais as dificuldades e as alegrias que você já encontrou em sua vida, ao praticar a solidariedade e a partilha com os outros?
3.                  Como é que as duas moedinhas da viúva podem valer mais do que muitas moedas? Qual a mensagem deste texto para nós, hoje?
Ademilson Medeiros de Azevedo


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