“É muito legal olhar o dízimo não como forma de
pagamento, mas como uma bênção de Deus. O perfeito ensinamento do Senhor Jesus
é o amor-comunhão”.
(Pe. Edmundo de Lima Calvo)
Queridos irmãos e irmãs, caríssimos casais, quando fui convidado a escrever um artigo sobre o dízimo para este
digníssimo blog muitas dúvidas me invadiram o pensamento sobre o que deveria
escrever principalmente por se tratar de um meio de comunicação voltado
especificamente para casais. Encontrei estas belíssimas palavras do Padre
Edmundo e resolvi utilizá-las para esta belíssima e importante partilha sobre o
que é o dízimo e qual a sua função dentro da comunidade, a qual voltaremos para
nossa em que vivemos.
A nossa Igreja é a Casa de Deus por
excelência, é o lugar de anunciar e celebrar a fé em Cristo. Nossa comunidade é
um lugar aconchegante, nossa segunda casa, o porto seguro para toda a nossa
família ouvir a Palavra encontrar-se com o Pai e, como irmãos, partilhar a fé,
princnipalmente aos domingos, quando a graça de Deus nos alcança nas
celebrações eucarísticas, este é o verdadeiro amor-comunhão ensinado pelo
Senhor Jesus Cristo, quando o mesmo veio cumprir a sua missão junto a todos nós
aqui na terra, digo a todos nós, pois o povo que viveu no tempo de Jesus e os
ensinamentos que lhe foram dirigidos cai sobre todos nos dias hoje.
Como nos anima ver nossa comunidade
preparada para nos acolher e evangelizar! Há salas adequadas, aparelhos
instalados e pessoas capacitadas para nos dirigir a palavra. Dizem que a
apresentação externa de uma casa é o reflexo do interior de seus donos. Isto
vale também a nossa Paróquia, pois, em certa medida, ela reflete o conjunto da
vida espiritual de seus fiéis. A instituição do dízimo acompanha a história e a
cultura do Antigo Israel, não uma coisa inventada agora pelos Padres de nosso
tempo ou Bispos, ou ainda, pelo próprio Papa, como forma de arrecadar dinheiro
para a Igreja se tornar uma potência em riqueza, como veremos mais a frente, o
Dízimo servirá para suprir as principais necessidades da comunidade.
É Abraão, nosso pai, quem entrega,
primeiro, um dízimo. Abraão, depois que as terras de Canaã foram invadidas,
juntou seus aliados e outras populações da região e iniciou a perseguição aos
reis agressores, vencendo-os com uma tropa. Na volta da batalha, Abraão
encontrou-se com Melquisedec, o rei sacerdote de Salém. Este pronunciou uma
bênção sobre o patriarca: “Bendito seja
Abraão pelo Deus Altíssimo que criou o céu e a terra. E bendito seja o Deus
Altíssimo que entregou teus inimigos em tuas mãos”. A reação imediata de
Abraão consistiu na entrega do dízimo: “E
Abraão lhe deu o dízimo de tudo” (Gênesis 14,19-20).
Melquisedec repara nesta atitude como
algo abençoado por Deus a ação solidária de Abraão de libertar o povo dos
invasores. O Senhor e Deus anunciado por Melquisedec não tolera que alguém mais
forte oprima e saqueie o mais fraco, e com certeza esta é a nossa fé que
professamos, num Deus que é Pai e que não deixa os seus filhos aparentemente
mais fracos e indefesos sofrerem nas mãos dos poderosos. Pelo contrário: Deus
atua através de pessoas dispostas a fazerem prevalecer a dinâmica libertadora
neste mundo. Em contrapartida, Abraão assume uma postura pela gratidão. Mais
ainda: declara publicamente este gesto significante com a devolução do dízimo,
que experimentou a ajuda do Deus Altíssimo, quando se propôs, juntamente, com
seus poucos aliados, recuperar a liberdade de quem estava sendo primido.
A partir começamos a ver a dimensão do
dízimo, não sendo como um pagamento igual a de uma recarga de celular, nem
tampouco como uma mensalidade de internet ou financiamento de imóvel ou
veículo, e sim, como ação de graças a Deus por todas as suas bênçãos derramadas
sobre cada um de nós, principalmente a juventude que está na fase em que
alicerça a sua vida. “O dízimo é, antes de tudo, um gesto de gratidão”. Somente
depois também assume a característica de contribuição, cujo sentido, porém, não
deve ser minimizado, pois a Igreja é também corporeidade, isto é, precisa de
recursos para cumprir sua missão evangelizadora. Assim, o Dízimo torna-se uma
bênção de Deus que abre novas possibilidades para as nossas comunidades.
Vejamos o que nos diz a Sagrada
Escritura (a Bíblia Sagrada) mais precisamente o Livro de Malaquias no capítulo
3 e versículo 10: “Trazei ao tesouro do
templo e dízimo integral, para que haja recursos na minha casa. Fazei comigo
esta experiência – diz o Senhor. Vamos ver se não abro as comportas do céu, se
não derramo sobre vós minhas bênçãos de fartura”. O profeta é o porta-voz
do “desafio” do Senhor, que quer a sua casa com recursos para atender o povo.
Oferecer o Dízimo é reconhecer que tudo provém de Deus e volta para ele. O
Senhor reivindica para si a confiança inabalável do cristão em sua ação
providente, por isso diz: “Fazei comigo
esta experiência” (Malaquias 3,10). Deus toma a iniciativa em nosso favor e
age antes de nós. Ao reconhecermos isso, o amor a Deus reverte-se para nós em
bênçãos sem medidas. Por isso, devemos amá-lo sobre todas as coisas.
Outro exemplo peculiar sobre o Dízimo
como gesto de amor e gratidão encontramos no Evangelho escrito por Lucas no
capítulo 21 e versículos de 1 a 4, que nos diz: “Ao levantar os olhos, Jesus viu pessoas ricas depositando ofertas no
cofre. Viu também uma viúva necessitada que deu duas moedinhas. E ele comentou:
‘Em verdade, vos digo: esta viúva pobre deu mais do que todos os outros. Pois
todos eles depositaram como oferta parte do que tinham de sobra, mas ela, da sua
pobreza, ofereceu tudo que tinha para viver”.
Jesus com toda a sua santidade elogia a
atitude da viúva pobre que soube partilhar. Mesmo diante do tempo em que vivia,
ela mais do todos colocou em prática o verdadeiro sentido da partilha, uma
lição para eles na época e para nós hoje. O que vale mais: os poucos centavos
da viúva, que foram dados por amor? Ou as muitas moedas dos ricos, que talvez
não tenham sido ofertadas com tal sentimento pelo Senhor ou pelo templo? De
fato, para quem pensa com idéia extremamente capitalista, imagina que os dois
centavos da viúva não servem para nada: Para nós, para o mundo que vivemos
seria impossível pagar uma energia, uma fatura de água, assinatura de
jornaizinhos para as celebrações, etc. Mas, Jesus com todo o amor que vem de
Deus, declara: “esta viúva pobre deu mais
do que todos ou outros”, por que será? Irmãos (ãs), Jesus tem critérios
diferentes. Chamando a atenção dos discípulos para o festo da viúva, ensina a
eles e a nós onde devemos procurar a manifestação da vontade de Deus, a saber,
nos pobres e na partilha. E um critério muito importante é este: “Todos eles depositaram como oferta parte do
que tinham de sobra, mas ela, da sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha para
viver”. Às vezes, somos inundados por pensamentos que nos levam a afirmar
erroneamente que o Dízimo para a Igreja vai para o bolso do padre, ou que faz
feira para as imagens tomarem café, almoçar e jantar como nós seres humanos,
isso não passa de balela proferida por quem não tem fé. O dízimo somente através
destes dois exemplos retirados da Bíblia, se mostra como gesto de amor,
compromisso com a comunidade e de gratidão a Deus. A Bíblia nos diz, se ainda
tiver que não acredite, com certeza este não acredita em Deus, pois a Bíblia,
como sabemos, é o Santo Livro inspirado por Deus.
Continuando com o exemplo da viúva, a
sua ação pressupõe a confiança total em Deus e na providência dele. O Reino de
Deus, anunciado por Jesus, exige a mesma postura. O próprio Jesus nos dá o
exemplo se doando inteiramente até a morte na cruz: “[...] sabendo Jesus que tinha chegado a sua hora, hora de passar deste
mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (João
13,1). Jesus, como sacerdote e vítima, oferece a si mesmo em sacrifício para
salvar seu povo. A medida da sua generosidade é sua vida oferecida como corpo
doado e sangue derramado em nosso favor, com os quais entramos em comunhão ao
celebrarmos a Eucaristia. E para nós, irmãos e irmãs, será que hoje oferecemos
este sacrifício pela comunidade de Jesus Cristo?
Para
refletir:
1.
Olhando para o
verdadeiro sentido do dízimo para a comunidade, será que conseguiremos abrir o
nosso coração para este gesto de amor e de gratidão?
2.
Quais as
dificuldades e as alegrias que você já encontrou em sua vida, ao praticar a
solidariedade e a partilha com os outros?
3.
Como é que as
duas moedinhas da viúva podem valer mais do que muitas moedas? Qual a mensagem
deste texto para nós, hoje?
Ademilson Medeiros de Azevedo
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