Não são raras as manifestações da devoção a Nossa Senhora. No Brasil e
em todo o mundo, fiéis recorrem a Santa Mãe de Deus, em especial quando
precisam alcançar alguma graça, pedindo sua intercessão junto a Cristo. Essa
intercessão da Virgem Maria será tema do VI Congresso Mariológico, que começa
nesta sexta-feira, 23, em Aparecida (SP).
Mas até que ponto vai a intercessão de Maria? O diretor da Academia
Marial, padre Antônio Clayton Sant’Anna, explicou que Jesus é o único mediador
e Nossa Senhora exerce um papel maternal subordinado.
“Ela não é a intercessora essencial, ela o é enquanto essa figura, esse
papel. Essa função de Nossa Senhora, na obra de Cristo, foi conhecida e, aos
poucos, sendo adotada, assimilada, compreendida pelas comunidades cristãs do
início da Igreja. Ela [Maria] não tem poder nenhum por si mesma, ela tem poder
subordinado conforme a missão que Deus lhe pediu e ela se dispôs a aceitar”,
explicou.
Padre Antônio ressaltou, no entanto, que a figura de Nossa Senhora é
inseparável da redenção de Jesus. “Esses fundamentos teológicos e
pastorais da intercessão de Nossa Senhora estão presentes no Evangelho,
portanto, têm uma fonte bíblica, eles estão presentes também na tradição”.
O sacerdote destacou que existe um grupo interessado no diálogo
ecumênico e, com isso, a Santíssima Virgem está sendo mais reconhecida. De acordo
com ele, Maria, além de ser honrada como a Mãe do Filho de Deus,
também é modelo de discípula e de mulher de fé. “O que foi Abraão para o povo
eleito, Maria o é para o novo povo, para a Igreja”, exemplificou.
A intercessão de Maria, de fato,
existe?
Quando indagado sobre as provas que ratificam o poder intercessor de
Nossa Senhora junto a Jesus Cristo, O diretor da Academia Marial enfatizou que
não existem provas concretas, mas sim fontes elucidativas e interpretações.
“Não existe prova por ‘A+B’. A intercessão de Maria não é um dogma,
como a presença de Cristo na Eucaristia, ela não precisou ser definida como
dogma, ela entrou na vivência da fé cristã". Na crença católica, o
sacerdote citou quatro aspectos que provam essa intercessão. São eles:
- Passagem bíblica que retrata o episódio das Bodas de Caná (cf. Jo 2,
1-11). “Para nossa interpretação, é uma prova. Maria intercedeu a Jesus e Ele
adiantou a sua hora. Então, por que isso está lá no Evangelho?”, disse o padre.
- Ave Maria. “O anjo que diz ‘Ave Maria’ (cf. Lc 1, 28), extasiado com
a graça de Nossa Senhora. Para nós é uma prova”, comentou.
- A narrativa da encarnação (cf. Lc 1, 26-38).
- A passagem bíblica que retrata Nossa Senhora junto à cruz.
"'Mulher, eis aí teu filho. Filho, eis aí Tua mãe'. Ele a levou para casa
(cf. Jo 19, 26-27). Essa é uma prova escriturística para nós no pensamento
católico, cristão, do papel de Maria", destacou o sacerdote.
Importância do congresso
Diante da crença católica na intercessão de Maria desde os primórdios
da Igreja, padre Antônio acredita que o congresso vá ajudar as pessoas a
refletirem sobre como e até que ponto esse poder intercessor existe no projeto
de Deus. “É necessário cultivar a mariologia, o estudo de Maria, para
descobrirmos cada vez mais sobre ela”, frisou.
O diretor da Academia Marial também comentou que, quanto mais se
aprofundou na Igreja o pensamento a respeito da redenção de Jesus, tanto mais,
ao mesmo tempo, se aprofundou a questão mariana, o papel da Santíssima Virgem
Maria junto a esse pensamento e vice-versa.
"Há um teólogo que afirma: 'Não é Maria que explica o mistério de
Cristo, é Cristo que explica o mistério de Maria'. Então essas reflexões são
para nós não provas propriamente ditas, mas fontes elucidativas disso que nós
queremos quando dizemos 'rogai por nós, Santa Mãe de Deus'", finalizou.
Por Jéssica Marçal da Redação
Fonte: canção nova
Nenhum comentário:
Postar um comentário