02 agosto 2011

04 de Agosto: Dia do Padre


Entrevista Exclusiva com Padre Amaurilo

Este mês de agosto, como já foi dito em uma postagem anterior, é marcado por uma particularidade: é o chamado mês vocacional. Como próxima quinta-feira (04/08/2011) é Dia do Padre, o Grupo de Jovens Cristiforme entrou mais uma vez em ação e realizou uma entrevista com pároco de Jardim do Seridó, Pe. Amaurilo José da Silva. A entrevista foi realizada pelas integrantes do grupo de jovens Gisliany Alves e Soraya Roberta, sob a orientação de João Júnior (um dos coordenadores do Grupo) e buscava abordar como foi a jornada vocacional sacerdotal de Pe. Amaurilo. A seguir, confira a entrevista na íntegra e perceba como Deus axiliou o sacerdote a perceber sua verdadeira vocação:

• Quando e por que V. Rerma escolheu seguir essa vocação?
“Olha, quando... Já faz bastante tempo. Isto tem mais de 35 anos, eu creio, porque eu ainda era adolescente quando surgiu essa história da vocação.
O porquê, eu não sei se tem uma explicação. Padre Zezinho tem uma música que diz assim: ‘Quando é teu Deus quem fala/Meia resposta não vai valer!’, então quando é Deus que nos chama, quando a pessoa sente-se chamada, eu acho... Que isto é o ‘porquê’. E a gente vai caminhando e vai percebendo os sinais do chamado de Deus na nossa vida.”
• Como foi essa fase em que V. Revma resolveu ser padre? Foi uma época tumultuada?
“Não, eu não diria tumultuada, até porque, pra eu falar pra vocês, hoje, de ser uma adolescência tumultuada, eu teria que explicar. Isso porque, talvez ‘tumultuado’ pra mim, naquela época, não seja o mesmo pra hoje, pra o entendimento de hoje. Mas se a gente tiver, por linhas gerais, o que se costuma entender por ‘tumultuado’, eu não diria que tenha sido tumultuada. Teve dificuldades na verdade, porque tem sempre os apelos próprios da época, da adolescência, da juventude...
A gente se encontra muitas vezes em encruzilhadas... ‘E agora? Pra que lado é que eu vou? Tem esse caminho, tem aquele outro... E aí? Como fazer?’. Mas é como eu te disse, anteriormente, a gente vai deixando Deus dar sinais na nossa vida. Na verdade, é vocação, é chamado de Deus. Se Ele chama, Ele vai apontar pra onde Ele quer que você vá. Então, aquilo também, evidentemente, aquelas dúvidas, aqueles questionamentos surgem, é natural, mas a gente vai tentando encontrar uma resposta até você conseguir se realizar naquilo que você deseja.”
• Houve alguma resistência por parte da sua família e/ou amigos ante a sua decisão?
“Não, resistência, propriamente, não. Minha mãe ‘volta e meia dava umas cantada’ para que eu fosse médico. Ela queria, assim... Não era um desejo exacerbado dela que eu fosse médico. Não. Mas eu até acredito que ela tenha sido instrumento de Deus também na minha vida com os questionamentos que ela fazia. Ela dizia: ‘Mas quem sabe, se você fosse médico, de repente... ’. Eu dizia: ‘Não mamãe, tem jeito não, porque a coisa não combina comigo. ’. Então, não houve uma resistência da família, nem tampouco dos amigos. Sempre há um ou outro que faz uma brincadeira, um ‘negocinho’ ali, mas nada que fosse uma resistência frontal.”
• Então, eles te apoiavam?
“Sim, sem dúvida. Eu tinha esse apoio.”
• Qual foi o maior desafio ou obstáculo que V. Rerma ultrapassou durante a sua caminhada sacerdotal? Como lidou/lida com essas tribulações?

“É complicado. Eu não sei se teria... Eu não posso dizer, assim, que teve uma coisa específica. Teve sim, digamos, a luta, eu diria, diante daquilo que a vocação sacerdotal exige. Teve certas encruzilhadas, como eu disse, diante da realidade. Por exemplo, constituir uma família ou ser celibatário? Isso, na idade de qualquer jovem, de qualquer adolescente, surge. E essas questões foram surgindo. Questões próprias, existenciais, eu diria, mas que, com o tempo, com calma, elas foram sendo solucionadas, sanadas.
E ainda hoje, a gente tem certas dificuldades do ponto de vista do ser humano. Às vezes, algumas pessoas imaginam o sacerdote como se fosse um ET, um ser num sei de que jeito... Pensam que ele não sente nada, não sente fome, não sente frio, que ele não tem sentimentos... E não é verdade. O padre, mesmo como religioso (a), é um ser humano como outro qualquer. Sente o que qualquer um sente. A diferença tá em buscar a graça de Deus e forças pra seguir a opção de vida que ele escolheu.”
• Houve alguém que o influenciou ou alguém em que V. Rerma se espelhou para ser padre?
“Não, pra tomar a decisão de ser padre, não. Evidentemente que depois, na caminhada, já no seminário e nessa caminhada de formação, houve (digamos assim) alguns personagens que me inspiraram a buscar ser padre do jeito certo. Mas dizer: ‘eu vou ser padre, porque Fulano é padre. ’, não. Isso não houve. A vocação surgiu em uma situação particular, como sempre é e no meu caso, não houve nenhuma inspiração em um outro sacerdote. Mas, depois, como eu já disse, na caminhada, eu fui encontrando padres e eu pensava comigo: ‘se eu me tornar padre, eu quero buscar viver no meu sacerdócio, algo parecido com o que este padre vive. ’.”
• Qual o maior sonho ou objetivo que deseja alcançar enquanto exerce sua vida sacerdotal?
“Olha, eu creio que o maior objetivo de qualquer sacerdote (e o meu não é diferente) é poder ver a comunidade unida. A palavra ‘padre’ vem de ‘pai’. Assim como todo pai (uma comparação que eu faço sempre) deseja ver sua família unida, em paz, em harmonia, eu também. Como padre e como pai da comunidade, o meu desejo é esse. Através do anúncio do Evangelho, através da evangelização, ver a comunidade unida, pacificada, uma comunidade que busca realmente viver também o Evangelho. Eu creio que seja essa a nossa missão de sacerdotes: buscar unir, além de levar a Palavra de Deus, os Sacramentos... Mas isso tudo, deve evidentemente provocar esta unidade, esta fraternidade dentro da grande família dos filhos de Deus, que é a Igreja.”

• Para fins de entendimento e por motivos de curiosidade, qual a sua opinião sobre a união homoafetiva? E o que pensa a Igreja Católica?
“Isso já foi muito discutido, a Igreja tem falado muito nisso... São coisas que não vão ser definidas, nem vai ser colocado um ponto final nessa discussão. A Igreja defende a união conjugal como o modelo que está na Sagrada Escritura, que diz que deve ser entre um homem e uma mulher. É esse o modelo de família que a Igreja defende.
Com relação a essa outra forma de união, a Igreja respeita, mas não entende, definitivamente, como isso pode ser, a exemplo da Sagrada Escritura, constituído e como pode formar uma família no sentido estrito da palavra.”

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